segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Mesa de bar em Berlim



A biografia do continente europeu é marcada pela desunião. Os pretextos para as disputas no velho continente iam desde poder e domínio de territórios até heranças e desavenças religiosas.
             Os impérios grego e romano foram protagonistas de grandes batalhas, inclusive internas. Na idade média, a França e a Inglaterra, como grandes potências econômicas e militares, assumiram este papel, como na “Guerra dos Cem Anos”. Conflito este que, pelo nome, já demonstra a disposição de digladiarem-se. O contato com os vikings pode ter favorecido o temperamento contendedor. Então, veio a “Guerra dos trinta anos” entre protestantes e católicos; passaram pelas disputas por territórios nas colônias; até chegarem nas duas grandes guerras mundiais, cujo cenário não poderia ser outro, senão a Europa. E claro, com direito a tiranos com propósitos megalomaníacos de domínio mundial. Só mesmo um país daquele continente teria um imenso muro de concreto dividindo-o ao meio como o de Berlim, na Alemanha.
            Então, ao final do século XX, contrariando o que já fora escrito, surge a União Européia. Ninguém poderia imaginar que isto um dia aconteceria. E com direito a moeda única, o euro. Todo o passado de desunião foi suprimido em prol do progresso e do desenvolvimento.
            A recente crise econômica que assola aquele bloco econômico-social não foi suficiente para desfazê-lo, apesar de esta idéia ter sido ventilada. Ao contrário, revelou novamente atitudes impensáveis há algumas décadas. A França e a Alemanha, arqui-inimigas nas guerras mundiais, juntas para promover socorro financeiro a países que, como a Grécia, estão afligidos por altas taxas de endividamento e desemprego. Hitler jamais admitiria tal aliança.
               Na contramão da crise está a Alemanha. Esta não passa por recessão nenhuma, pois manteve a disciplina na economia, ou seja, fez direitinho sua lição de casa. Enquanto a Grécia sofre com o desemprego, os cidadãos alemães compram, investem e até se divertem. Para eles crise é conversa de mesa de bar, assim como a história de desunião europeia. Agora, mais uma vez o passado está sendo deixado de lado, ainda que com resistência, pela sobrevivência do bloco.
             Origem de danos bem maiores à humanidade, a história de separação entre o homem e Deus começou no Éden. A desobediência criou um abismo entre os dois. Dessa forma, foi estabelecido um conflito que ainda persiste. De um lado a vontade divina e, do outro, a humana. Esse conflito, em suma, é a raiz dos males deste mundo.
        Sobre esse abismo de separação, entretanto, foi construída uma ponte. Isto é exatamente o que Jesus Cristo representa: um elo de ligação entre Deus e o homem. Do Senhor partiu a iniciativa da redenção. Agora não seremos mais condenados pelos nossos próprios pecados, porque Cristo já foi condenado por nós. Precisamos apenas “tomar a nossa cruz e segui-lo”.
               Infelizmente ainda há aqueles que resistem a passar por essa ponte.  Os motivos são os mais variados. Alguns sequer reconhecem que precisam dessa reconciliação, não reconhecem a crise nas suas vidas provocada pelo pecado. Porém, um dia terão que admitir. E, assim como vários países europeus, terão que pedir ajuda. Mas, poderá ser muito tarde.
            Por ora, a União Europeia luta para permanecer coesa. E as contendas do velho continente, para quem não viveu, assim como a salvação em Cristo para os incrédulos, são apenas assuntos para uma conversa descontraída. Talvez numa mesa de bar em Berlim. Mas, apesar da incredulidade que existe, Jesus continua reconciliando os homens com Deus. 

Artigo escrito por André Falcão 
e publicado no Jornal O DIA em 05/08/2012