terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Wall Street: do outro lado da Cruz





       Localizada na cidade de Nova York, nos Estados Unidos, Wall Street significa literalmente “rua da parede” e representa o mais poderoso centro comercial e financeiro do cenário mundial. Naquela rua está sediada a Bolsa de Valores de Nova York, a maior do planeta em movimentação de recursos econômicos. Lá estão também alguns dos bancos e escritórios de empresas mais poderosos do mundo, instalados em suntuosos arranha-céus. Nas suas calçadas todos os dias pisam vários dos mais ricos empresários e investidores.
      Wall Street, entretanto, provavelmente seja a capital mundial da ganância, da avareza e da usura. Na rua onde são tomadas decisões que repercutem em todo o mundo, também acontecem transações escusas e indecorosas que não raro usam os meios públicos para o alcance de fins particulares. Ali, o capital que financia toda a imponência é o mesmo que corrompe e desperta um desejo compulsivo que torna alguns homens capazes de qualquer coisa para tê-lo. Homens com fortunas tão opulentas que nem mesmo todos os dias restantes de suas vidas seriam suficientes para exauri-las.
    E é devido a este segundo perfil que Wall Street também foi palco de verdadeiros colapsos financeiros com consequências catastróficas e de repercussões globais. A despeito das teorias e explicações técnicas de renomados estudiosos, resta evidente que crises como a de “1929” (grande depressão), das “empresas ponto com” (bolha da internet) e do subprime (bolha imobiliária) foram causadas mormente pela ensandecida fome de dinheiro de alguns homens. Um esquema megalomaníaco muito bem arquitetado para extrair o máximo de lucro e a qualquer custo: bancos vendendo títulos sem chances de retorno como se fossem altamente rentáveis, ex-diretores de bancos trabalhando em cargos do alto escalão do governo em favor de interesses particulares, agências de classificação de riscos cotando investimentos sem garantia de retorno como confiáveis e, fechando a conta, executivos recebendo fortunas de salário enquanto milhões de pessoas perdiam suas economias e empregos. Um dos símbolos da pujança norte-americana possui um lastro de atitudes vergonhosas.
Vergonha talvez ainda maior do que a patrocinada pelos agentes de Wall Street, a crucificação de Cristo, a princípio, pareceu a derrota da missão messiânica. O homem pelo qual viria a salvação de todos estava morto. E não por qualquer morte, mas por uma que era dispensada apenas a criminosos da pior espécie. Porém, o que muitos não sabiam é que tudo já estava profetizado. Em Isaías 53.7 assim estava predito sobre o messias: “Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro”. E Jesus demonstrou que conhecia o seu próprio destino ao repreender por duas vezes o apóstolo Pedro quando este tentou impedi-lo de cumprir a sua missão (Mt 16 e Jo. 18.10). Em Isaías está previsto até mesmo a forma como Ele morreria: “e foi contado com os transgressores” (cap. 53), ou seja, como um facínora.
Jesus foi vilipendiado, não por causa dos seus erros, uma vez que não os possuía, mas pelos nossos. Isto também foi previsto por Isaías: “ele foi ferido por nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades”. Jesus abriu mão das suas prerrogativas divinas (Fp. 2.5,6) e se entregou a uma condenação humilhante por amor a todos nós. Esta condenação proporcionou a nossa vitória sobre o pecado, e a exaltação de Cristo sobre tudo e todos. Tal vitória foi consagrada logo após com a ressurreição. A Cruz que a princípio foi motivo de derrota tornou-se símbolo da maior vitória.
Diferente de Wall Street, Jesus não tinha boa aparência, imponência, nem uma vida suntuosa, mas era puro como um “cordeiro sem mácula”. Ele foi motivo de escárnio, porém foi alçado ao posto superior a todos os homens. A vida negociada por moedas, que não comprariam um único terno de um rico executivo, nos garantiu prêmio mais valoroso do que todo o dinheiro transacionado na Bolsa de Nova York. O lugar onde era produzido um espetáculo infame veio a ser o palco da maior prova de amor que já existiu.

Artigo escrito por André Falcão Ferreira,

Publicado no Jornal O Dia, de Teresina-PI, em 18/11/2013 
e Publicado no Jornal O Povo, de Fortaleza - CE, em 15/12/2013