O anarquismo nem de longe é o sistema
político mais almejado. Pelo contrário, a história comprova que ao longo do
tempo as sociedades depositaram suas esperanças em um governante. É como se a
humanidade tivesse uma expectativa, um anseio íntimo por alguém que lidere com
justiça, sabedoria e amor. Alguém que tome o tão pesado fardo da
responsabilidade sobre todos.
O
povo judeu viveu por muito tempo no regime patriarcal, depois sob a orientação
dos juízes. Os patriarcas e os juízes eram lideranças e tinham certa
autoridade, mas estavam submissos às leis divinas. Até que o povo decidiu
exigir que um rei fosse constituído sobre eles (1. Sm. 8). Havia um desgosto
com o comportamento dos filhos de Samuel, último juiz de Israel, e talvez o fato
de os povos ao redor já viverem sob o regime monárquico os tenha atraído.
Porém, Deus lhes advertiu acerca das muitas prerrogativas de um soberano. Ele
poderia, dentre outras coisas, cobrar tributos e tomar servo para si. Mas,
Israel, irredutível, insistiu por um rei.
Com
o passar dos séculos, a autoridade dos monarcas de várias sociedades foi sendo
questionada, inclusive com insurreições grotescas. Até que no final século
XVIII apareceram as revoluções com forte fundo intelectual, como as Revoluções Americana
e Francesa. Começou a tomar vulto a ideia de democracia, um tipo de governo
onde, em tese, prevalece a vontade do povo e que, até então, parecia apenas um
mito romano. Mas, não sem antes lançarem mão de armas e, no caso da França, de
um dos instrumentos mais bizarros já inventados: a guilhotina. Foi por esta que
padeceu o rei absolutista Luís XVI.
A
maioria das revoluções, entretanto, mesmo contando com o apelo popular, deu
lugar a novos tiranos que, apesar de possuírem menos poder, não deixaram de
cometer maiores atrocidades, como no caso da França que ainda teve Napoleão,
Luís XVIII e outros.
Outrossim,
não foi sem aprovação popular que as ditaduras se instalaram ao redor do mundo,
principalmente nas Américas Central e do Sul, África e Ásia. Mas, a de
consequências mais catastróficas, sem dúvida, foi a instalada na Europa por
Hitler.
Hoje
temos democracias na maior parte do mundo, e os monarcas, não obstante vivam em
grande opulência, têm apenas caráter representativo e ornamental. As democracias
em vigor possuem vantagens inegáveis. Por outro lado, está patente aos olhos do
cidadão mais displicente, que os governantes democráticos conseguem impor suas
vontades, apesar das várias limitações impostas pelas leis. E para isto, não
raro usam manobras escusas. É por isso que temos, mesmo nas maiores potências,
terríveis mazelas como injustiças, desigualdades sociais, crises econômicas e
até pessoas passando fome.
Diante
do exposto, não é difícil perceber que o problema não está no modelo de
governo, mas em como e por quem ele é exercido. Não está no sistema monárquico
em si, mas nos reis. Quando Deus advertiu os israelitas sobre os infortúnios
que eles passariam sob a soberania de um rei, ele o fez não porque esse tipo de
poder seja ruim em si, mas porque o homem, pecador e falível, não reúne
condições para exercê-lo.
O
homem só pode exercer um governo, pelo menos razoável, quando conta com o
auxílio de Deus. Não é à toa que os Estados Unidos tornaram-se a maior potência
econômica, social e militar. Tal ascensão não se deu por causa das ideias de
filósofos iluministas, mas como o escritor Laurentino Gomes ressalta no seu
livro “1822”, ocorreu devido à instalação da cultura Protestante que, embasada
nos princípios emanados da Bíblia, priorizou o ensino e o desenvolvimento.
Embora hoje vejamos naquela nação um afastamento de tais princípios,
principalmente por parte das autoridades, razão pela qual estão enfrentando
grandes problemas.
Não
tenho dúvida de que, com exceção de alguns defensores radicais de algumas
correntes de pensamento, as pessoas não estão preocupadas com o tipo de
governo, mas por quem, e principalmente como esse governo é exercido. E quando
o homem idealiza uma grande liderança, na verdade ele está tentando estabelecer
novamente a regência de Deus, à qual ele abriu mão por causa do pecado.
A
expectativa de ver um líder justo e amoroso será suprida na pessoa de Cristo
que derrotará todo o mal e regerá as nações (Ap. 19.15). No seu governo Ele
“enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá
luto, nem pranto, nem dor” (Ap. 21.4). Jesus é o Rei perfeito! Sua monarquia é
superior a qualquer tipo de governo que o homem possa implantar. E o melhor:
governaremos junto com Ele, pois somos coerdeiros e filhos (Ap. 2.26-27; Rm
8.17; Gl. 4.5-6). Isto prova ainda mais que Jesus não é um tirano, mas além de
Rei é Pai.
O
reinado de Cristo já existe parcialmente na Terra por meio da sua Igreja. O
poder de Cristo foi conquistado não à custa da vida alheia, mas pela sua própria
vida entregue espontaneamente na cruz. Dessa forma, não precisamos ficar à
deriva esperando por um rei. Se nos arrependermos dos nossos pecados e
recebermos pela fé a salvação em Cristo, já poderemos começar a fazer parte do
seu reinado aqui na Terra por meio da sua Igreja, para depois participarmos do
seu reinado eterno em paz, justiça e amor.
Artigo escrito por André Falcão Ferreira,
Publicado no Jornal O DIA de Teresina-PI, em
25/02/2014
e Publicado no Jornal O POVO de Fortaleza-CE,
em 30/03/2014