domingo, 18 de agosto de 2013

Banheira de apartamento em Paris


       As nossas atitudes exercem grande influência sobre o lugar e forma que morreremos. Uma das maiores certezas que temos é que um dia nossas vidas chegarão ao fim. E isto pode acontecer das mais variadas formas. Mas, parece que a forma como alguns nos deixam provoca surpresa, dúvida e reflexão.
        Provavelmente estes sentimentos foram experimentados pelo eletricista que casualmente encontrou o corpo de Kurt Cobain em sua própria casa com manchas de sangue na cabeça e uma espingarda ao lado. A nota de suicídio deixada por Kurt denunciou a forma como foi morto. E as suas anteriores internações para tratamento da dependência química já demonstravam uma tragédia pessoal e anunciavam algo ainda pior. O calor explosivo do sucesso de sua banda Nirvana foi superado pela desilusão e frieza daquele corpo sem vida.
Ainda que em água aquecida, o frio da morte também encontrou Whitney Houston. Dona de uma voz inconfundível, a cantora se tornou a artista mais premiada de todos os tempos e chegou a vender mais de 200 milhões de cópias. Mas, foi vencida pelas drogas que a fizeram se afogar na banheira de um hotel. A criança que começou cantando no coral da sua Igreja e foi coroada com uma carreira brilhante teve um final nada glorioso.
        Quatro décadas antes, um cenário semelhante apresentou a controversa morte do cantor Jim Morrison da banda The Doors. O corpo do artista de 27 anos foi encontrado na banheira de seu apartamento em Paris. A causa oficial foi ataque cardíaco, porém a sua dependência das drogas e álcool levou alguns fãs e biógrafos a defenderem a hipótese de overdose.
         O fim de quem vive com dúvidas deixa ainda mais dúvidas. Essas pessoas não estavam certas do valor das suas vidas. E não é difícil perceber que a maneira como viveram, embora tão desejada, pavimentou o caminho para a partida trágica, prematura e insana.
        Kurt Cobain, Whitney Houston, Jim Morrison, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Elvis Presley, Elis Regina, Chorão e tantos outros: se eles tivessem decidido em algum momento de suas vidas viver conforme os ensinamentos cristãos provavelmente seriam taxados de loucos, fracos e até fundamentalistas. Ocorre que o final encontrado por eles não está disponível na trajetória cristã.
     Quando Jesus disse: “eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância”, Ele estava falando de algo que nem mesmo a morte pode vencer e falando de vontade de viver. Aos artistas aqui mencionados e a tantos outros lhes faltou vontade de viver. Faltou-lhes tratar a morte como o final de uma carreira e não como a interrupção. Faltou-lhes compreender os propósitos das suas vidas.
       Jesus tinha absoluta convicção dos propósitos da sua vida e até mesmo dos da sua morte, sendo que esta foi derrotada por Ele para que seja apenas uma mera etapa nas nossas vidas e não a nossa derrota. Ele não oferece uma alienação aos problemas, Ele é a força para vencê-los.
      A última música cantada por Whitney Houston foi “Jesus loves me”. Creio que, como o jovem rico (Mt. 19.16-22), ela estava demonstrando que amava a Jesus, porém não estava disposta a se desprender de tudo e seguir os rumos Dele. Há caminhos que parecem direitos ao homem, mas o fim deles são os caminhos de morte (PV 14.12). Todos nós seguimos por algum caminho, mas o de Cristo não acaba na banheira de um luxuoso apartamento em Paris.

Artigo escrito por André Falcão Ferreira,
publicado no Jornal O DIA, Teresina-PI, em 21/07/2013,
e publicado no Jornal O POVO, Fortaleza-CE, em 11/08/2013.




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