Na última
quinta-feira, 26, foi divulgado no O POVO artigo na coluna do senhor Contardo
Calligaris, com o título “Fundamentalista”, onde constam alegações bastante
equivocadas em relação aos evangélicos. Na sua reflexão o autor discorre sobre
o tema em trechos dos quais eu destaco dois: “Por que, então, há parlamentares
evangélicos que querem fazer parte da Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República?”. E conclui: “eles querem trabalhar nela para se opor
à liberdade dos que pensam diferente”.
Ora, ao dirigir
tal acusação aos políticos evangélicos o colunista comete um grave deslize.
Primeiro porque indica que tais políticos o fazem simplesmente por serem
evangélicos, o que põe todo o segmento social no mesmo bojo. Em segundo,
porque, quando rechaça a participação de um evangélico neste tipo de órgão, o
autor pratica exatamente aquilo que condena: discriminação e exclusão.
Tal raciocínio é
uma generalização preconceituosa e desinformada. Os evangélicos, no Brasil e no
mundo, fazem um trabalho incomensurável de acolhimento e assistência aos
carentes e discriminados. A história do Protestantismo é marcada pela luta
contra a opressão social e em favor dos direitos humanos. Basta citar o próprio
Calvino; Lutero, grande defensor do estado laico; John Wesley, o avivalista,
que lutou contra o trabalho infantil e o tráfico de escravos; e Martin Luther
King, que era pastor Batista.
Asseverar que os
deputados evangélicos querem “se opor à liberdade dos que pensam diferente” é
totalmente descabido. As nações alicerçadas nos princípios da fé cristã
protestante são as mais democráticas do mundo. Dentre elas, destaco os Estados
Unidos, país que até recentemente tinha a maioria de protestantes, e é um dos
lugares onde os homossexuais, por exemplo, têm mais liberdade. Segundo o
cientista político Antônio Carlos de Almeida, um dos objetivos basilares da
reforma protestante foi a expansão massiva da educação, sem discriminação, com
o fito de difundir a Bíblia. Daí vem a escola pública. Para o cientista, esta
cultura garantiu o avanço educacional dos países protestantes. Essa informação
é corroborada pelo historiador Laurentino Gomes no livro “1808” .
Estas, portanto,
são algumas das razões que legitimam a participação de evangélicos em órgãos de
direitos humanos. Por último, o colunista sugere que os evangélicos têm os
mesmos propósitos do fundamentalismo islâmico. Quero falar apenas em termos
práticos, sem entrar nos méritos da fé muçulmana, que o radicalismo islâmico
mata milhares de pessoas por ano. Já os evangélicos, ao contrário, são
assassinados: segundo a ONU, 100 mil cristãos são mortos (boa parte
evangélicos) por ano por causa da fé.
Artigo escrito por André Falcão Ferreira
e publicado no Jornal O POVO de Fortaleza-CE, em 01/04/2015
e publicado no Jornal O POVO de Fortaleza-CE, em 01/04/2015
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