sábado, 23 de abril de 2016

Evangélicos e Direitos Humanos



Na última quinta-feira, 26, foi divulgado no O POVO artigo na coluna do senhor Contardo Calligaris, com o título “Fundamentalista”, onde constam alegações bastante equivocadas em relação aos evangélicos. Na sua reflexão o autor discorre sobre o tema em trechos dos quais eu destaco dois: “Por que, então, há parlamentares evangélicos que querem fazer parte da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República?”. E conclui: “eles querem trabalhar nela para se opor à liberdade dos que pensam diferente”.
Ora, ao dirigir tal acusação aos políticos evangélicos o colunista comete um grave deslize. Primeiro porque indica que tais políticos o fazem simplesmente por serem evangélicos, o que põe todo o segmento social no mesmo bojo. Em segundo, porque, quando rechaça a participação de um evangélico neste tipo de órgão, o autor pratica exatamente aquilo que condena: discriminação e exclusão.
Tal raciocínio é uma generalização preconceituosa e desinformada. Os evangélicos, no Brasil e no mundo, fazem um trabalho incomensurável de acolhimento e assistência aos carentes e discriminados. A história do Protestantismo é marcada pela luta contra a opressão social e em favor dos direitos humanos. Basta citar o próprio Calvino; Lutero, grande defensor do estado laico; John Wesley, o avivalista, que lutou contra o trabalho infantil e o tráfico de escravos; e Martin Luther King, que era pastor Batista.
Asseverar que os deputados evangélicos querem “se opor à liberdade dos que pensam diferente” é totalmente descabido. As nações alicerçadas nos princípios da fé cristã protestante são as mais democráticas do mundo. Dentre elas, destaco os Estados Unidos, país que até recentemente tinha a maioria de protestantes, e é um dos lugares onde os homossexuais, por exemplo, têm mais liberdade. Segundo o cientista político Antônio Carlos de Almeida, um dos objetivos basilares da reforma protestante foi a expansão massiva da educação, sem discriminação, com o fito de difundir a Bíblia. Daí vem a escola pública. Para o cientista, esta cultura garantiu o avanço educacional dos países protestantes. Essa informação é corroborada pelo historiador Laurentino Gomes no livro “1808”.
Estas, portanto, são algumas das razões que legitimam a participação de evangélicos em órgãos de direitos humanos. Por último, o colunista sugere que os evangélicos têm os mesmos propósitos do fundamentalismo islâmico. Quero falar apenas em termos práticos, sem entrar nos méritos da fé muçulmana, que o radicalismo islâmico mata milhares de pessoas por ano. Já os evangélicos, ao contrário, são assassinados: segundo a ONU, 100 mil cristãos são mortos (boa parte evangélicos) por ano por causa da fé.



Artigo escrito por André Falcão Ferreira
publicado no Jornal O POVO de Fortaleza-CE, em 01/04/2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário